Um meio de transporte econômico? A solução para o problema da mobilidade
urbana em meio ao caos do trânsito crescente? Ou um brinquedo perigoso?
Em meio ao caos que surge atualmente nas cidades, devido ao crescimento
do poder aquisitivo da população, que reflete diretamente na aquisição
de mais veículos que entopem as vias urbanas, algumas soluções começam a
surgir para promover a mobilidade urbana, o melhor aproveitamento das
vagas de estacionamento e a redução da poluição no ar. Entre essas, uma
que está crescendo em Campo Mourão é o uso do patinete elétrico.
E os usuários deste meio de locomoção vão das crianças, que o usam
para ir à escola, até aposentados que, para facilitar a vida, adquiriram
o veículo para se locomoverem pela cidade.
João Vitor Bezerra Ferraz, de 13 anos, tem um modelo de 1000W, que
ganhou do pai. “Ele viu o filho de um primo que tinha um, achou legal e
decidiu me dar”, disse. Ele afirmou que utiliza mais para ir à escola ou
dar uma volta eventual com amigos. Entre uma bicicleta e um patinete,
ele prefere o patinete “porque o patinete é mais rápido, além de não
precisar se esforçar tanto nas subidas”.
Ele afirma que sempre toma cuidado para não ir muito rápido, ou atrapalhar o trânsito e junto com os pais, combinou de sempre avisar quando chega nos lugares, para eles saberem que está tudo bem. “Tem gente que anda muito ‘louco’, por cima das calçadas, eu não acho isso certo”, pondera.
Andressa Castanho, 21 anos, adquiriu o seu há 4 meses e disse não
trocar por nada, pois tem acesso rápido e facilita a mobilidade. “É um
meio de transporte muito econômico e não polui a cidade”, lembra. Outro
motivo para ela valorizar o transporte é que na academia onde ela trabalha há uma área especial de
estacionamento para patinetes elétricos. Além de usar para o trabalho,
ela aproveita para ir aos seus treinos de vôlei e nos fins de semana
para andar com os amigos. “Conheço gente que até trocou o carro para se
locomover com o patinete”, opinou.
O agricultor Wagner Albuquerque, 24, leu um artigo falando sobre a
economia das “scooters” e resolver comprar uma. “É econômica, fácil de
guardar, transportar, além de ajudar muito na mobilidade urbana e não
emitir gases poluentes”, enfatiza. Ele afirma que “todos os usuários
devem guiar com consciência e bom senso, pois é um meio de transporte seguro, o problema
é o uso inconsequente”. Segundo ele, as recargas de energia elétrica
custam cerca de R$ 8,00 no mês, com uma autonomia de 40 km por dia.
“Isso já é o presente, não é um veículo para o futuro, pois é um
transporte inteligente e ajudaria bastante a desafogar o trânsito, além
de ser prático de carregar e de guardar”, ressalta.
Já para o engenheiro agrônomo João Marcos Durski, o “Juma”, o patinete teria que sair da loja com alguns equipamentos que ele acredita serem essenciais para a proteção dos usuários. “Nem que fosse
para cobrar um pouco a mais, mas deveria ter retrovisores, luzes e
capacete. Nunca andar em pé. Deve ser tratado como uma moto”, afirma.
Ele comprou a scooter após ver uma reportagem num blog e viu que o gasto
de manutenção era bem em conta e desde abril leva a vida sobre as “duas
rodinhas”. “Além de não fazer barulho, ser de fácil armazenamento, dá
para se deslocar no trânsito sem esperar filas de carros”, disse. Juma é
bem cuidadoso com a manutenção do veículo, todos os dias engraxa a
correia. Mas para ele, para ser o veículo ideal, precisaria de ter uma
bateria com maior autonomia e que carregasse mais rápido. “Queria pode
ir até Peabiru sem precisar parar e esperar para carregar o tempo todo.
Se essas questões forem melhoradas, acredito que vai ser o veículo do
futuro”, conclui.
A história do patinete elétrico
O patinete surgiu nos anos 60, como uma prancha de madeira, sob duas
rodas em série, em que o usuário tinha que impulsionar com os pés, para
dar velocidade. A princípio, além de ser utilizado como brinquedo,
também servia como meio de transporte para entregadores. Com o passar do
tempo surgiram os patinetes em materiais mais leves e resistentes, como
o alumínio, e as rodas que antes eram de borracha foram trocadas por
outras de material sintético.
Na Segunda Guerra Mundial, já havia um modelo de patinete motorizado
utilizado por paraquedistas ingleses, com motor forte, dobrável e que
era carregado numa embalagem metálica. Quando o fuzileiro pousava, abria
e se locomovia rapidamente no front de batalha.
Nos anos 90, nos Estados Unidos, surgiram as primeiras versões de
patinetes motorizados. No Brasil, a empresa a trazer essa novidade foi a
Walk Machine. Com o boom de vendas, outras empresas se apressaram em
desenvolver seus próprios modelos. Para tornar a brincadeira mais
divertida foram instalados suspensão independente das duas rodas, pneus
com cravo para utilização em terrenos acidentados e até 2 marchas
automáticas.
Em tempos de produtos ecologicamente corretos, alguns fabricantes
partiram para a fabricação de patinetes elétricos. Estes funcionam com
packs de bateria, controlador do acelerador e demais sistemas escondidos
por carenagens e são carregados diretamente em tomadas convencionais de
110 ou 220 Volts. Têm autonomia de aproximadamente 2 horas de uso e
velocidade bem inferior aos seus similares com motores a combustão.
A Liberty Seguros propôs em
sua "Pesquisa de Mobilidade Urbana 2015" que os participantes
imaginassem a cidade ideal para se viver. Independentemente de local,
faixa etária e sexo dos entrevistados, para 82% deles, ela apresenta as
características de uma Cidade Compacta, ou seja, uma cidade sustentável
(ecológica e economicamente), com o lazer, trabalho e consumo a 20
minutos de distância a pé ou de bicicleta.
A pesquisa, desenvolvida em parceria com o instituto Teor Marketing,
foi dividida em três fases: investigação inicial sobre as tendências
relacionadas à Cidades Compactas, fase exploratória com especialistas
brasileiros em mobilidade urbana e moradores das cidades alvo, além de
pesquisa quantitativa com mil moradores, de 18 a 50 anos, em São Paulo,
Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre.